A Minha Lua
No corredor virado a Sul, envidraçado,
Gosto de acompanhar a lua em sua andança.
E fico triste quando o céu, todo estrelado,
Ma não permite contemplar como em criança.
Mas tal sucede apenas no quarto minguante,
Em que monstro em betão desculpa-se a escondê-la.
É semana de espera e de olhar aguardente,
Como se nessas noites eu pudesse vê-la.
Por isso, quando nova surge com volume
De um dia ou dois e posso olhá-la em cheio,
Esqueço o tempo e fico, como de costume,
Preso à sua mensagem muda e ao seu enleio.
E acho que ela me indaga, em sua face errática,
Quem foi que lhe ensinou tão alta matemática.
Amadeu Torres / Castro Gil
Já são poucos os homens que contemplam assim a lua, e ainda menos os que escrevem assim sobre tal astro. Já não se fabricam homens como Amadeu Torres. Hoje ficamos mais pobres. Até sempre professor.
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