domingo, 21 de outubro de 2012

Sobre as marcas, a influência delas e a gestão dessa exposição



Pitágoras recomendou àqueles que pretendiam ter bons pensamentos que se rodeassem de belas imagens. Ao revisitar o pensamento deixado por este ícone da Grécia clássica, abre-se caminho para que te consciencializes de que existem efeitos silenciosos e indiretos, que se jogam paralelamente à comunicação explícita, aos quais ninguém fica incólume.

Diversas coisas nos influenciam, nos mais diversos modos. Foi porventura esta constatação que levou o comércio a explorar, aprimorar e até exagerar o efeito da manipulação de influências externas associada processos de compra e venda. Assim terá nascido, arrisco, o marketing como o conhecemos.

As marcas são hoje bastiões de sugestão de estilos de vida, bastiões de sugestão de utopias a perseguir, e bastiões também de invenção de novas necessidades geradas à imagem e semelhança da sua suprema e incorrigível vontade de vender produtos.

Sem ti, elas (as marcas) não existem, mas será que sem elas tu também não? É esta a pergunta que te deixo, a qual encerra chaves para debateres no teu íntimo ou publicamente, em que medida a tua existência social orbita excessivamente em torno de marcas e em torno do que elas te sugerem em termos de imaginário no qual depois te projectas.

sábado, 13 de outubro de 2012

A Carta


Se por um instante Deus se esquecesse que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais.
Entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos 60 segundos de luz.
Andaria quando os outros páram, acordaria quando os outros dormem.
Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate…
Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.
Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre gelo e esperava que nascesse o sol.
Pintaria com um sonho de Van Gogh as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que oferecia à Lua.
Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas…
Meu Deus, se eu tivesse um pouco mais de vida, não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas.
Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo Amor.
Aos Homens, provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
A uma criança dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha.
Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês Homens…
Aprendi que todo o mundo quer viver em cima de uma montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um Homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer…”



Gabriel Garcia Marquez

domingo, 7 de outubro de 2012

Ouçámos Ricardo Reis...


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis