segunda-feira, 30 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sobre o crescimento dos movimentos nacionalistas


Temos assistido com a típica apatia democrática ao florescer gratuito de movimentos nacionalistas que fundamentam a sua ambição política na extraordinária instigação de um ódio absurdo aos imigrantes. Critica-se neles o não se adaptarem ao nosso mundo civilizado e regrado, e censura-se-lhes a forma fechada e impermeável como vivem.

Não vou sequer ousar contra-argumentar esses ideais que rejeito de todo. Prefiro recordar que na vida há um dar e um receber e que hoje bebemos sem pestanejar das mais diversas culturas e prezamos ter em casa a diversidade temática e cultural, pelo que não precisamos de procurar muito para encontrar provas de como a convivência e partilha de experiências, estilos, culturas, práticas e ideias acrescentam valor ao nosso mundo.

Por isso apelo para que rejeitemos de nós essas fontes grosseiras que se alimentam de um ódio bárbaro e ignorante, que dá um enfoque imparcial aos alegados defeitos dos imigrantes e que sonega as suas virtudes e o valor que também acrescentam e têm como homens e mulheres que são.

1974, Abril, 25


O que é a liberdade?

sexta-feira, 20 de abril de 2012

pós-Titanic

100 anos depois, o que mudou? Continuamos a achar que somos inquebráveis? Até onde nos levará esta viagem económica-social-ambiental? Ao fundo?

Devemos mesmo!

Não devemos deixar que o passado nos defina. O que nós somos depende apenas de nós próprios…

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Só um pensamento…


Todos nós conhecemos alguém [familiar, amigo, ou até mesmo nós próprios] que vive na sombra do medo. Medo de tentar por se poder falhar. Por vezes [muitas vezes, infelizmente] as pessoas desistem antes de tentar. Este Senhor falhou dez mil vezes. Dez mil!! Mas a diferença está no nunca desistir…

Se queremos alguma coisa na nossa vida [esse sonho maravilhoso que é a realidade], então temos de tentar. E tentar. E tentar até conseguirmos. Quando isso acontecer, iremos estar a viver um sonho dentro do melhor sonho do mundo - a própria vida.

domingo, 15 de abril de 2012

Sobre o reconhecimento de que és produto da influência de outros


Pessoas apoiam-se em pessoas. Podes surgir num sítio onde ninguém te conhece e alegar que tudo o que és, tudo o que tens, todas as tuas cintilantes ideias são só produto individual do teu cérebro, espírito ou genética. 

Pois bem, isso é falso. Há sempre alguém com que te relacionaste que te influenciou de um modo significativo para que erguesses o império da tua existência numa dada forma e não noutra: um pai, uma mãe, um professor ou professora, um padre ou orientador espiritual, um jornalista, um escritor, um filósofo, um economista, um político, um amigo, dois amigos, três amigos, um vizinho, um antepassado teu ou de alguém.

Não deixes que o orgulho que sentes por quem és hoje, pelos teus atributos ou conformação material da tua vida te ceguem a ponto de ignorares que sob os teus pés, a suportar quem és, estão todos aqueles de quem precisaste e ainda precisas para conseguires chegar aonde chegaste. 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

As etapas da vida (1834), Caspar David Friedrich


Esta pintura deixou-me boquiaberto! A harmonia com que o pintor e os seus familiares se relacionam com a natureza e o significado dessa relação com cada um de nós são os primores desta bela obra de arte.

Rapidamente procurei saber mais sobre os pormenores da imagem. Deixo-vos os resultados e as minhas conclusões:

Nesta pintura, surge Friedrich já em estado de velhice, de costas viradas para nós; o homem que se encontra de pé é o sobrinho; as duas crianças deitadas ao seu lado são os filhos de Friedrich; à esquerda encontra-se uma mulher que (e aqui as interpretações diferem) é a filha mais velha do pintor ou a sua esposa, Caroline. Com estas representações, Friedrich representa as fases da vida: a infância, a vida adulta e a velhice. Notamos que há também cinco barcos no mar, cada um potencialmente ecoando cada uma das figuras.

Apesar de existirem várias interpretações sobre a analogia entre as figuras e os barcos, eu acredito que a mais adequada é a que posiciona as distâncias dos barcos em função das etapas da vida. Assim, os dois barcos mais próximos (e mais pequenos) representam os filhotes mais novos, o terceiro representará a filha mais velha (não penso que seja a esposa, dado que zarpou aparentemente há pouco tempo…), o quarto será o sobrinho e o quinto, o último, que se vai perdendo no horizonte, é o nosso Caspar. Deste modo, o movimento dos barcos para o alto-mar (sinónimo aqui de esquecimento) é a metáfora perfeita para a vida e para o nosso destino. A amplitude alargada e o espírito sereno do mar provocam uma impressão de serenidade face à passagem do tempo.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

És grande ou pequenino?


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


Ricardo Reis

sábado, 7 de abril de 2012

Na diferença está o ganho!!!


O melhor entre os melhores é o porque um dia  parou e pensou - se for igual a eles apenas serei mais um número ou uma réplica limitada aos defeitos já existentes...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sobre o apontar do dedo como um apontar de arma


Esta manhã decorreu mais um debate na Assembleia sobre o estado da nação. Durante o dia acontecerão múltiplos encontros de amigos, conhecidos e colegas, amantes do futebol, onde se debaterão o último de jogo de futebol mais importante. Até ao fim do dia de hoje inúmeras pessoas se disporão a debater episódios ocorridos com elas hoje ou nos últimos dias, em locais como hospitais, centros comerciais, escolas, escritórios de empresas, etc.

Em praticamente todos esses encontros, cada qual segundo o seu tempo e estilo, haverá lugar ao apontar o dedo a uma, duas ou três coisas ou pessoas que nos seus entenderes são os causadores/responsáveis do episódio em debate. Apontar o dedo é apontar uma arma, é pretender alvejar, sancionar inconfundivelmente algo ou alguém por uma alegada responsabilidade num assunto.

Pergunto eu: haverão assim tantas situações em que a culpa possa ser destilada com tal mestria que revele em Verdade, um só culpado, um causador, um responsável? Porque procuraremos, viciadamente, em praticamente tudo encontrar um ou dois responsáveis mor pelo que sucede?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Proporção devida


Assim reza o livro de farmacologia Terapêutica medicamentosa e suas bases farmacológicas: "tem sido repetidamente encontrada uma relação entre consumos baixos de etanol (20-30g por dia) e uma redução da incidência coronária, em diferentes países e com consumos de diferentes bebidas alcoólicas. A redução máxima do risco corresponde a consumos diários de 20g de etanol. A partir dos 40g o efeito benéfico desaparece e a partir dos 70g há uma inversão do risco de doença coronária que passa a ser superior ao da população abstémica. Discute-se se há outros compostos nas bebidas alcoólicas, para além do etanol, que possam contribuir para este resultado benéfico. O etanol é seguramente importante, porque os resultados epidemiológicos positivos se têm encontrado com consumidores de vinho, cerveja ou outros, desde que o total de etanol ingerido seja o mesmo".

Vamos passar à prática:
Tomando como exemplo o vinho tinto maduro com 12% volume, em 1000ml temos 120ml de etanol. Assim num copo de 150ml existem proporcionalmente 14ml de etanol. Um ml de etanol pesa 0,8g. Logo, em 14ml estão presentes 11g de etanol. 2 copos de vinho tinto maduro com 12% de volume por dia protegem comprovadamente da doença coronária, o que trocado em miúdos se chama de enfarte do coração.

Como diria um ex-primeiro ministro, é só fazer as contas...

terça-feira, 3 de abril de 2012

ATENÇÃO: ISTO NÃO É UM FILME!


O massacre dos inocentes (1567), Pieter Bruegel

A acontecer, como todos os outros massacres que assolam o planeta pela mão humana, este poderia ser descrito do seguinte modo:

Numa gélida tarde de Inverno, uma próspera vila flamenga a que por conveniência chamaremos Bloodfalls, é invadida por uma matilha de cavaleiros armados com lanças, espadas e um sorriso feroz. Metodicamente, o grupo dispersa-se e começa a formar algo semelhante a comissões da morte. Cenas de horror começam a desfilar.

À porta de casa, separam uma criança da sua família.

Soldados com um cão de olhos vermelhos arrancam um bebé dos braços de uma mãe suplicante.

Um homem de joelhos chora enraivecido para que poupem a sua vida e a do seu burrito.

Um pai sufoca e engole neve derretida quando vê o seu recém-nascido, de cabeça para baixo, agarrado por uma perna.

Um velho de vestes rotas que esmaga o pescoço do seu único ganso ergue-o na direção de um soldado, esperando que este o troque pela jovem sobrinha.

Em múltiplos locais, os animais são apunhalados, degolados, esventrados e deixados sem vida nas camadas de neve que derrete com o sangue fervente.

De súbito, a paz regressa à aldeia, um sossego triste e sem alma.

PS – Na verdade, Pieter Bruegel originalmente pintou crianças a serem chacinadas. O trabalho chocou o seu mecenas, o rei Rodolfo II, que não conseguia assistir ao sangue das crianças assassinadas. Por isso, Bruegel contratou um artista de Praga para que substituísse cada criança por um animal…

Não seria o mundo muito mais rico se a realidade fosse um quadro e o rei Rudolfo II o seu patrono?