quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O sobreiro: Árvore Nacional de Portugal


Basta fazer um pequeno passeio pelo Monte de Roques (se não estou em erro, a actual fotografia do header foi lá tirada) para ficarmos com uma ideia, uma amostra digamos, de toda a floresta portuguesa: totalmente descaracterizada, negra e cinzenta, queimada e seca, sem vida, onde o eucalipto e outras espécies estrangeiras predominam que nem pragas. É a nossa triste realidade, que ainda fica mais miserável por altura do estio, quando as vagas de incêndios varrem todo o país de Norte a Sul.

Este é o retrato de um país e de um povo que trata mal a sua natureza, que nutre muito pouco respeito pela fauna e flora que existem (por não muito tempo mais) no seu território, e que por cá já se encontrava antes de nós chegarmos e começarmos a dar cabo desta porra toda. Tal cenário nota-se explicitamente na forma como nos relacionamos com as árvores: consideramo-las um empecilho, um alvo a abater, um embaraço e uma fonte de problemas (ou são as folhas que caem e sujam o jardim e a rua; ou os ramos que se partem e nos riscam o carro; ou as abelhas num dos seus buracos que nos perseguem e picam quando nos aproximamos; ou a coruja que de noite nos seus ramos pragueja com o seu piar, prenunciando morte e desgraça; ou as crianças mafarricas que sobem aos seus ramos certamente para fazerem patifarias e sabe Deus mais o quê). Por todas estas razões nos dá tanto gozo abater as árvores a eito por esses campos e cidades fora deste país. Por causa destas razões, quando construímos uma casa num pequeno terreno, tratamos logo de arrasar toda a flora arborícola que lá exista (quando poderiam ser um belíssimo elemento num jardim particular). Também por estas razões se verifica a actual razia de árvores nos espaços urbanos das nossas vilas e cidades aquando de arranjos urbanísticos e paisagísticos, sempre, claro está, invocando-se as mais modernas e avisadas justificações fito-sanitárias.
Enfim, poderia estar aqui toda a noite a completar o rol de malfeitorias que fazemos à nossa flora.

Assim, perante esta triste realidade, e ainda que possivelmente tudo fique igual, foi com algum contentamento, mas muito moderado, que li a notícia de que o sobreiro (essa belíssima árvore tão importante para a nossa economia e cultura) foi, após a aprovação de um projecto de resolução na Assembleia da República no dia de hoje, designada a "Árvore Nacional de Portugal" (ler notícia completa aqui). Não é muito, bem sei, mas pelo menos já é alguma coisa.

1 comentário: