sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Última Ceia (1498), Leonardo da Vinci


Se antes de O Código Da Vinci, de Dan Brown, esta obra já era famosa, após o filme tornou-se um ícone mundial de mistério e simbologia.

A perspetiva distanciada é unificada pela presença de Cristo no centro. Em redor, enquanto socializam, os apóstolos estão reunidos em quatro grupos de três. Assumo que Leonardo queira aqui simbolizar a Santíssima Trindade. Como em quase todas as últimas ceias de Cristo, Jesus parece dirigir as suas palavras não só aos apóstolos, mas também a nós, ouvintes.
O realismo na cena é, em grande escala, conferido pelas diversas atitudes das figuras presentes. Por exemplo, o grupo mais à esquerda parece assustado com a Palavra, já o grupo na extrema direita parece totalmente dedicado a uma acesa discussão, um outro grupo imediatamente à direita de Jesus mostra-se unicamente interessado no que se segue. O ambiente de jantar com bastante público está perfeitamente adequado. Leonardo concentra todas as suas capacidades artísticas na representação deste preciso momento, o da anunciação de que alguém (Judas) o irá trair: “Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar!”. As emoções intensas fazem-se sentir neste fresco, nenhum apóstolo permanece indiferente ou estaticamente culpado.

Na linhagem da história da arte, esta pintura exerceu imensa influência ao longo dos séculos. Só no século XX, para exemplificar, beberam dela pintores como Andy Warhol e Salvador Dalí.

O contributo de Dan Brown para a decifração desta pintura é o reforço da teoria preexistente de que o apóstolo João (à esquerda de Jesus) é, de facto, Maria Madalena. Quer seja pelos traços femininos da figura, quer pelo posicionamento diagonal e simétrico dos dois a formar uma copa (símbolo do feminino), quer pelo contraste do vestuário – veste azul e manto vermelho de Maria Madalena; veste vermelha e manto azul de Jesus, símbolo antigo do matrimónio – a verdade é que a palavra de Dan Brown tornou a obra de Leonardo ainda mais conhecida. Daí a alterar a “verdade” da Igreja, essa é outra discussão. Não esqueçamos que Leonardo era, também ele, um artista, propenso à criatividade e com fantástica capacidade inventiva!

1 comentário:

  1. Leonardo da Vinci, sem dúvida um Homem muito à frente do seu tempo. Um Homem que encontrou na arte uma forma de expressar a sua inteligência, os seus pensamentos, as suas incertezas e a sua inquietação.

    Muito o devemos a ele...
    É sempre bom tê-lo como exemplo nas nossas vidas e depositarmos a perfeição no que fazemos, assim como ele o fez.

    ResponderEliminar