quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um país esquecido

Como todos nós sabemos (uns mais, outros menos, é verdade), este nosso belo e tão mal tratadinho país é completamente ignorado, para não dizer desprezado, pelo mundo internacional, especialmente nas áreas culturais.

Ora, vem este intróito a propósito de mais uma lamentável e triste situação de desdém para com Portugal, desta vez no cinema, e que passo a explicar:

The Way é um filme realizado por Emilio Estevez, rodado na sua maior parte em Espanha e terminado ainda no ano de 2010. No seu elenco, além daquele director, conta, entre outros, com o seu próprio pai, o grande Martin Sheen (também pai do polémico actor comediante Charlie Cheen). A história do filme passa-se no caminho de Santiago, designadamente no caminho francês, a mais antiga e procurada via para os peregrinos que vinham e vêm da Europa em busca do túmulo do apóstolo Tiago, sito (segundo reza a lenda e a tradição) em Santiago de Compostela, na Galiza. Para além desta particularidade, que já não é de pouca monta, note-se que o próprio Martin Sheen (e consequentemente também o realizador, seu filho) tem raízes numa pequena aldeia do Sul da Galiza, a pouquíssimos quilómetros da fronteira com Portugal, no Minho. De facto, o pai de Martin Cheen, de seu nome Francisco Estevez (e o nome verdadeiro do Martin Sheen é Ramon Antonio Gerad Estévez), nasceu na aldeia de Parderrubias, no município de Salceda de Caselas, tendo emigrado para os Estados Unidos - como tantos das suas geração - quando jovem, no primeiro quartel do século XX.

Pois bem, e que tem isto a ver com o que eu comecei por falar? Tem tudo, uma vez que este filme trata de um assunto eminentemente ligado também a Portugal, principalmente ao Norte de Portugal, atenta à tradição de ligação das nossas gentes ao lugar santo de Santiago de Compostela (o caminho português é também uma das mais antigas e percorridas vias de peregrinação).
Deste modo, faria todo o sentido que o filme estreasse nas nossas salas de cinema pouco tempo depois de ter estreado em Espanha, na longínqua data de 19 de Novembro de 2010 (há mais de um ano portanto, e poucos dias após a estreia mundial em Toronto). Mas não, até à data ainda nem sequer estreou neste país, e nem sequer existe uma data previsível para a estreia, sendo muito possível que nunca chegue a passar nos nossos cinemas.
A situação é tão ridícula que, além do filme já ter estreado em cinema nos principais países ocidentais (EUA, Alemanha, Reino Unido, Irlanda, etc.), já passou até nas Filipinas e, no dia 1 de Dezembro passado, estreou no Líbano.

Enfim, já que não podemos ver este filme num cinema (a não ser que se esteja de férias no Líbano ou nas Filipinas), sempre vos deixo aqui o trailer (em HD que eu sou amigo), para ficarem com um cheirinho da coisa:




5 comentários:

  1. Mas que cheirinho!
    Tenho algum fascínio por Santiago de Compostela e ainda mais necessidade de um dia descobrir os seus caminhos que culminam na simbólica Catedral!
    Para além de económicos, não sei quais os critérios de escolha, mas não se deviam esquecer que Santiago de Compostela tem um bom pedaço de Portugal e que Portugal também tem um pedaço de Santiago de Compostela.
    Parabéns aos vizinhos pelo tema escolhido no seu trabalho da 7ª arte!

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  2. Tenho o filme para quem o quiser ver. Por acaso vi-o em Valência no inicio de Dezembro do ano passado. Pareceu-me um filme bastante bom. Confesso que me deu vontade de fazer o Caminho, apesar da minha já sobejamente conhecida condição (não)religiosa.

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  3. Pensei que ia falar da sua condição física...

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  4. Um turco em Santiago de Compostela? Só se fosse preso e agrilhoado a uma pedra.

    Fazer o caminho de santiago ultrapassa em muito mera condição religiosa. É uma jornada espiritual, cultural, paisagística, desportiva, de conhecimento e descoberta. É muito enriquecedora, e nunca esquecerás.

    E depois tens o prémio: chegar a Santiago e desforrar-te nas tapas e na cerveja nos tascos que por lá existem. Ah, só de pensar agora num polvo à galega, nuns pimentos de padron, ah... já estou a espumar.

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  5. Já estava a estranhar o facto da cerveja não ter entrado na conversa!

    subscrevo!

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