quarta-feira, 11 de abril de 2012

As etapas da vida (1834), Caspar David Friedrich


Esta pintura deixou-me boquiaberto! A harmonia com que o pintor e os seus familiares se relacionam com a natureza e o significado dessa relação com cada um de nós são os primores desta bela obra de arte.

Rapidamente procurei saber mais sobre os pormenores da imagem. Deixo-vos os resultados e as minhas conclusões:

Nesta pintura, surge Friedrich já em estado de velhice, de costas viradas para nós; o homem que se encontra de pé é o sobrinho; as duas crianças deitadas ao seu lado são os filhos de Friedrich; à esquerda encontra-se uma mulher que (e aqui as interpretações diferem) é a filha mais velha do pintor ou a sua esposa, Caroline. Com estas representações, Friedrich representa as fases da vida: a infância, a vida adulta e a velhice. Notamos que há também cinco barcos no mar, cada um potencialmente ecoando cada uma das figuras.

Apesar de existirem várias interpretações sobre a analogia entre as figuras e os barcos, eu acredito que a mais adequada é a que posiciona as distâncias dos barcos em função das etapas da vida. Assim, os dois barcos mais próximos (e mais pequenos) representam os filhotes mais novos, o terceiro representará a filha mais velha (não penso que seja a esposa, dado que zarpou aparentemente há pouco tempo…), o quarto será o sobrinho e o quinto, o último, que se vai perdendo no horizonte, é o nosso Caspar. Deste modo, o movimento dos barcos para o alto-mar (sinónimo aqui de esquecimento) é a metáfora perfeita para a vida e para o nosso destino. A amplitude alargada e o espírito sereno do mar provocam uma impressão de serenidade face à passagem do tempo.

3 comentários:

  1. Realmente uma 'bela publicação'. Concordo com a tua posição acerca das diferenças das distâncias dos barcos mas com uma pequena nuance: se realmente a personagem feminina é a filha, creio que o autor a colocaria numa posição mais próxima dos restantes e desta forma mais longe de si. O posicionamento, tal como se vê, aponta para alguém que também já vai longe, perdido no horizonte. Assim, no meu entender, tratar-se-ia da esposa. É de facto uma publicação muito boa.

    Tiago Barbosa

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  2. Vasco Oliveira, este post está brilhante. Gostei mesmo muito. Parabéns. Marcelo Melo

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  3. Os barcos representam a evolução da vida uns vão outros vêm

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